Temos sempre uma boa propaganda para recordar.
Introdução
O percurso da propaganda no Brasil acompanhou o desenvolvimento dos meios de comunicação. Os anúncios surgem essencialmente para vender produtos, preservar o espaço das marcas tradicionais e introduzir novas, destacando a sua utilidade e gerando uma necessidade real ou imaginária de adquiri-lo. Precisa chegar á um público, não só numeroso, mas também receptivo á sua mensagem ,para isso, utiliza os meios de comunicação.
E os meios de comunicação, vendem produtos, ao mesmo tempo em que vendem seus espaços para a veiculação desta, para adquirir recursos para a sua sobrevivência.
Assim a propaganda seleciona seus veículos, escolhe os horários e cria suas mensagens.
1500 – 1930 Vídeo – clipe das nossas raízes
Tivemos os anúncios afixados em locais públicos entre eles se destacando os “avisos de sacristia”. Tivemos os precursores que hoje chamamos de gráfica urbana ensaiando pelas fachadas de lojas e outros comércios as nossas marcas iniciais.
Estamos em 1800, era do tempo do Príncipe Regente, fugido para o Rio de Janeiro por “nobre e resulta determinação” de sua Corte. A cidade contava com 60 mil habitantes. Abriu-se o porto, para só naquele ano receber 90 navios. Fundou-se um jornal, que dava início à imprensa brasileira. E nele, a Gazeta do Rio de Janeiro publicava o primeiro anúncio, que era de móveis.
Época de “quem quer comprar”, do “quem vai querer, que naturalmente se incorporaram à nossa publicidade essência popular da mensagem de vendas. Em 1808, surgiu o nosso primeiro jornal ( A Gazeta do Rio de Janeiro), e nele o nosso primeiro anúncio.
Nesse clima de euforia, surge o primeiro anúncio de escravos. Os avisos descrevem os negros fugidos ou vendidos. O primeiro deles, foi publicado em 1809, informando que: “Em 20 de agosto do ano próximo passado, fugiu um escravo preto, por nome Mateus, com os sinais seguintes; rosto grande e redondo, com dois talhos, um por cima da sobrancelha esquerda e outro nas costas; olhos pequenos, estatura ordinária; mãos grandes, dedos grossos e curtos, pés grandes e corpo grosso.
Em 1821, o Diário do Rio de Janeiro se apresenta como jornal do anúncio.
É o momento em que surgem os cafés, as livrarias, em que proliferam os pasquins. Os de política, os de “novela, petas graciosas e artigos de caçoada”. O comércio se alarga, variado, heterogêneo, a publicidade mercurial dá conta de vasos para jardins, urinóis em todos os tamanhos, copiadores de música, ou colchões de clina vegetal e orações contra a peste. Ao fim da primavera metade do século, a rua do Ouvidor está movimentada: tem dezenas e dezenas de ourives, sapateiros, relojoeiros, tipografias, fabricantes de carruagens, casas de modas, retratistas e floristas, somando mais de três centenas de estabelecimentos. O natal se comemora com anúncios de arranjos para presépios – figuras, chafarizes, pássaros, arbustos, ou simples aluguel de enfeites.
Enquanto tudo isso acontecia no Rio, lançava no Recife o Diário de Pernambuco, o mais antigo jornal em circulação na América Latina.
Depois, surgiram os almanaques.
As formas de propaganda começavam a variar, mas o sentido da mensagem continuava o mesmo. Observa-se que não havia a preocupação com o texto, e, e, boa parte, os anúncios não tinham título, ou dava simplesmente a menção do produto: charutos, fazenda, peixe, fogão, melancias. Após o nome da mercadoria e o nome do anúncio, os títulos mais freqüentes eram: atenção, muita atenção!
A partir de meados do século passado, os classificados vão mudando. Ganham vinhetas à guisa de ilustração, crescem no tamanho, no espacejamento necessário à composição de qualidades ou versos de metro mais longo, a rima entra em nossa propaganda com uma constância que se iria tornar definitiva.
Por volta de 1875, surgiram os primeiros anúncios ilustrados.
Em 1898, há o aparecimento de “O Mercúrio”, primeiro como jornal trimestral, depois diário, dando início a propaganda comercial.
Chega-se então em 1900, quase cem anos, começando com os classificados até grande anúncios com ilustrações, muda a tônica da imprensa para as revistas. A primeira revista a ser lançada nesse ano, foi a ‘Revista da Semana”. Dois anos depois saiu o Malho, e logo vieram a Fon-Fon, A Careta, e muitas outras.
É possível que seja mais significativo o aparecimento de revistas menores, como por exemplo Vida Paulista (1903) e Arara (1904). Foram revistas publicadas em São Paulo, durante anos, e que se mantiveram graças a anunciantes locais. Elas vêm testemunhar a existência de um negócio de propaganda, de um germe de organização em que avulta a figura do agenciador de anúncios.
Ao que tudo indica, os poetas foram os nossos free- lancers de redação.
É quando aparecem as revistas. Nossa primeira agência, a paulista Castaldi & Bennaton é de 1913 ou 1914, e logo, se transforma em A Eclética.
Finda a guerra, tínhamos cinco agências funcionando em São Paulo: A Eclética, a Pettinati, a Edanée, a de Valentim Harris, e a de Pedro Didier e Antônio Vaudagnoti.
Os anos 20 são chamados alegres. Qualificação importada, sem dúvida, mas, ainda que predominassem os anúncios de remédios, tivemos também um saldo positivo. As grandes empresas se firmam como clientes, novas marcas se acrescentam, em ritmo acelerado, ao nosso já expressivo panorama publicitário.
A propaganda impressa crescia, na multiplicação de jornais e revistas. Surgia O Cruzeiro, a bem dizer fechando a década, mas apontando para 25 anos de preferência nacional. Os cartazes e painéis ao ar livre ganhavam espaço, proliferando, tanto quanto os spots e jingles já familiares, pois todos se reuniam em torno dos grandes aparelhos receptores, para ouvir uma verdadeira revista no ar.
A revista Vida Paulista, tinha uma página central dedicada a caricaturas, notas sociais, tópicos políticos, sonetos e muitos anúncios.
Em março de 1906, O Malho aumentava a sua tabela de preços, devido a enorme tiragem, chegando a atingir à casa dos 40 mil.
A revista Arara, era viva em cores e desenhos chamativos. Anúncios de página inteira.
Se a Vida Paulista, que é uma edição semanal ilustrada de A Notícia, vai no seu terceiro ano basicamente com recursos locais, o Cri-Cri, semanário de atualidades, alia ao paulista o anunciante nacional. Em 1908, alguns dos seus números dão bem esse quadro. Temos em um campo os anúncios regionais, e em outro os que falam de todo o país.
Com os seus coloridos anúncios, as revistas do início do século davam um ar de euforia.
Em 1910, surge uma revista em São Paulo (um novo semanário ilustrado), com o nome de a Lua, trazendo no seu expediente “Paulicéia, Lua Nova, Janeiro, 1910”, dando bem o quadro da época e do estágio alcançado pela nossa propaganda.
José Lira esteve em São Paulo, a negócios de propaganda dos famosos preparados Bromil e Saúde da Mulher, mais conhecido pelo nome de Homem-Reclame, devido à sua formidável tenacidade de propagandista invencível. Feita a programação do Sr. José Lyra, vêm as capas de Bromil, que “cura a tosse em 24 horas”, e da saúde da mulher, “infalível nas moléstias das senhoras”. O conhecido propagandista José Lyra, da conceituada firma Daudt & Lagunilha, bateu o recorde no Brasil, da propaganda por meio de anúncios afixados.
Antes de 1913, não havia no Brasil organização especializada em distribuir anúncios para jornais. Seria essa quase que certamente, a função principal dos pequenos escritórios pioneiros. A primeira firma que pode merecer a classificação da agência de publicidade, instalou-se em São Paulo entre 1913 e 1914: Castaldi & Bennaton, proprietária da eclética.
Em 1918, com a entrada de Júlio Cosi para a Eclética, os jornais eram quase os mesmos de hoje, mas tremendamente pobres em publicidade.
Folheando jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, nesses anos de conflito europeu, ainda não se notam grandes mudanças. São os mesmos anúncios, não se notando grandes mundanças.
As revistas no entanto, já mostraram uma certa evolução, sendo uma publicação de texto, com relativamente poucos anúncios. Há contos, curiosidades, as últimas tendências da moda e páginas em cores.
A Bayer fez sucessivas campanhas , todas compostas de muitas peças. Anúncios ilustrados, quase sempre com um desenho de inegável bom gosto. Séries e mais séries para diferentes para diferentes produtos. Em 1920, encontrou-se nada menos do que 23 anúncios. Esse esforço apreciável, inclusive sob o ponto de vista da produção, continua anos afora.
O ano de 1921, nos traz uma campanha da Bayer, muito curiosa em que se destacam três anúncios: “Não há nada que possa derreter a neve eterna dos Andes, não há nada que possa substituir os comprimidos Bayer de aspirina”, “As pirâmides do Egito são únicas e insuperáveis, os comprimidos Bayer de aspirina são únicos e insubstituíveis” e “Como a bússola marca o caminho seguro a quem navega, os comprimidos Bayer de aspirina...”.
Já em 1922, marca o aparecimento de Helmitol. Em 1923 acontece o lançamento de Cafiaspirina, contra dor e mal-estar.
Na medida em que eram lançados novos produtos, a propaganda da empresa mais e mais se avolumava. Sempre interessante, sempre indicativa dos vários estágios pelos quais foram passando a publicidade.
Com a vinda de novas marcas, chegava também ao Brasil, a técnica norte-americana de propaganda comercial, como a General Motors.
Em 1926, tinha a GM um departamento de propaganda com funcionários.
Em 1927, um ano particularmente favorável às vendas, a divisão de publicidade foi se ampliando e chegou a contar com 34 pessoas.
Infelizmente, houve a crise de 29, a revolução de 30. Revolução de 1932. Em curto espaço de tempo, repetidas comoções sacudiram profundamente a economia e a vida do país. Foram ocasiões em que a propaganda paralisou totalmente.Ajustes de mercado. Nós, como todo o mundo, sentimos as conseqüências, só que ninguém se suicidou, e recebemos em 29 o gerente da Ayer, a primeira agência norte-americana no Brasil, a propaganda antecipo-se às necessidades do mercado. querendo naturalmente atender aos interesses dos seus clientes aqui. E por força de retrações, revoltas e recuos, em 30 a Ayer virou Thompson. E com tudo o que fora semeado, e germinaram, as agências multinacionais entraram e colheram. Ensinando, mas pela sua cartilha. Desenvolvendo, sem dúvida, mas sempre numa direção. Para o bem, para mal, começando uma nova época. Difícil de entender naquela altura, mas hoje perfeitamente delineada.
A Revolução de 1932 foi praticamente a implantadora da nossa indústria. Entretanto, os ecos do modernismo vinham trabalhando o público, no sentido da valorização do que era autenticamente brasileiro.
A propaganda continua desempenhando o seu papel de espelho.
A rádio seria a tônica dos anos 30. Quando Roquete Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que mais tarde se mudaria em Rádio Ministério da Educação, já havia emissoras funcionando em São Paulo, no Rio e Recife, como iniciativa profissional organizada. Após três anos, existiam no Rio, 50 mil receptores e, em São Paulo, três transmissores de rádio. A Sociedade Rádio Cultura fazia circular um livreto: “A propaganda comercial pelo Rádio”.
Seu esquema inicial foi noticiário e música. De início, não houve patrocínio de programas, e a propaganda era pouca.
A partir de 1933. tudo se transformou. Apareceram os spots, os programas associados a marcas. Na rádio Cultura de São Paulo, houve a iniciativa de um corretor de anúncios.
Em 1935, a rádio Cruzeiro do Sul lançava o primeiro programa de perguntas e respostas.
Em 1936, já na sua inauguração, a rádio Nacional transmitia um Fla X Flu e fazia os primeiros ensaios radioteatro. Começava a época dos locutores.
Em novembro de 1937, foi lançada a revista propaganda. Entre anúncios que ela publicava na edição inaugural, três chamavam a atenção. Um convida anunciar na Central do Brasil, “a base sólida de uma propaganda”. Outro é de Infante & Cia, “ a maior organização para anúncios no Brasil” e o terceiro mostra a importância de uma agência, a Standard Propaganda, dando a sua lista de clientes.
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